A coexistência de autismo, Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e ansiedade em crianças apresenta desafios significativos para pais, educadores e profissionais de saúde. Um estudo de caso recente ilustra a complexidade do manejo desses transtornos em um menino de 11 anos, acompanhado em um centro multidisciplinar especializado em autismo. O paciente, identificado como KM, já havia utilizado diversas medicações para TDAH ao longo dos anos, demonstrando a dificuldade em encontrar um tratamento eficaz e bem tolerado.
O histórico de KM revela uma jornada de tentativas e erros na busca por estabilização medicamentosa. Inicialmente diagnosticado com autismo e TDAH aos 7 anos, ele passou por avaliações detalhadas que indicavam habilidades limítrofes nas áreas cognitiva, adaptativa e de linguagem. Ao longo do tempo, experimentou diferentes medicações para TDAH, como metilfenidato, dextroanfetamina e clonidina, cada uma com seus próprios efeitos colaterais, incluindo labilidade emocional, irritabilidade e comportamento destrutivo. A situação foi ainda mais complicada pelo fato de os pais de KM serem divorciados e terem opiniões divergentes sobre a eficácia e tolerabilidade das medicações, dificultando a tomada de decisões sobre o tratamento.
Aos 10 anos, após um período de relativa estabilidade com dextroanfetamina, os pais decidiram suspender a medicação para avaliar sua necessidade contínua. Observaram uma melhora no humor e redução da ansiedade, mas também um aumento da hiperatividade. Pouco tempo depois, KM começou a apresentar sintomas de ansiedade, como somatização e comportamentos externalizantes, incluindo frustração, agressão e oposição, especialmente em situações que geravam ansiedade. A colaboração entre o neuropsicólogo e o pediatra comportamental do desenvolvimento resultou em um plano de monitoramento comportamental para diferenciar os sintomas de TDAH dos relacionados à ansiedade. Após o retorno da medicação para TDAH, a ansiedade persistiu, levando à introdução de escitalopram. Este caso ressalta a importância de uma abordagem multidisciplinar e individualizada no tratamento de crianças com autismo, TDAH e ansiedade, considerando as complexas interações entre os diferentes transtornos e as necessidades específicas de cada paciente e sua família.
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