Um estudo recente investigou a relação entre a velocidade de resposta do córtex auditivo e o desenvolvimento da linguagem em crianças em idade pré-escolar com alta probabilidade de apresentar dificuldades intelectuais ou de desenvolvimento. Pesquisadores descobriram que um tempo maior para codificar estímulos auditivos, especificamente uma resposta cortical evocada M50 atrasada no hemisfério esquerdo do cérebro, estava associado a habilidades de linguagem mais baixas.
O estudo envolveu crianças de três anos que já apresentavam um diagnóstico que as colocava em risco de atrasos no desenvolvimento ou deficiência intelectual. Utilizando magnetoencefalografia (MEG), uma técnica não invasiva de neuroimagem, os pesquisadores mediram a latência M50, que reflete a velocidade com que o cérebro processa sons. Os resultados revelaram que quanto mais tempo o hemisfério esquerdo levava para responder a estímulos auditivos, pior era o desempenho da criança em testes de linguagem. Curiosamente, a latência M50 no hemisfério esquerdo não estava relacionada à capacidade cognitiva geral, e a latência no hemisfério direito não mostrou associação significativa nem com habilidades de linguagem nem com habilidades cognitivas.
Essas descobertas são importantes porque sugerem que a velocidade de processamento auditivo no cérebro pode ser um indicador precoce de potenciais problemas de linguagem em crianças pequenas com risco de deficiência intelectual ou atraso no desenvolvimento. A identificação precoce desses padrões neurais pode abrir caminho para intervenções terapêuticas mais precoces e direcionadas, visando melhorar o desenvolvimento da linguagem nessas crianças. Além disso, o uso da MEG, uma técnica não invasiva, torna o estudo acessível e seguro para essa população vulnerável, permitindo o monitoramento do impacto de intervenções ao longo do tempo. O estudo destaca a importância da neurociência integrativa na compreensão e no tratamento de distúrbios do desenvolvimento neurológico, oferecendo esperança para melhores resultados para crianças com risco de dificuldades de linguagem.
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