Autismo e Integração da Fala com Gestos: Um Novo Estudo Revela Mecanismos Subjacentes

Um estudo recente investigou como crianças autistas processam a integração entre a fala e os gestos, buscando entender se existem diferenças significativas em relação a crianças neurotípicas. A pesquisa focou na ativação semântica dos gestos, utilizando uma abordagem de medição implícita para analisar o processo de integração automática.

Participaram do estudo 21 crianças autistas e 21 crianças neurotípicas, todas pareadas por idade, inteligência verbal e não verbal. Os pesquisadores realizaram duas tarefas principais: uma tarefa semanticamente irrelevante, para avaliar a capacidade de integrar fala e gestos sem a necessidade de processamento semântico explícito, e uma tarefa semântica de gestos, para examinar o impacto da ativação semântica ativa na integração fala-gesto. O estudo utilizou a tecnologia de rastreamento ocular (eye-tracking) para medir os tempos de reação (TRs) e a duração total da fixação (TFD) nos gestos.

Os resultados mostraram que, na primeira tarefa, as crianças autistas não demonstraram sensibilidade à congruência semântica, ao contrário das crianças neurotípicas, que apresentaram os efeitos esperados. No entanto, as crianças autistas mostraram uma TFD marcadamente reduzida nos gestos em comparação com seus pares neurotípicos. Na segunda tarefa, as crianças autistas demonstraram efeitos de congruência semântica semelhantes aos das crianças neurotípicas na TFD nos gestos. Os pesquisadores concluíram que as crianças autistas podem apresentar um processamento atípico da integração fala-gesto, mas que essas diferenças podem ser atribuídas a uma ativação semântica bottom-up insuficiente, e não a déficits inerentes nas habilidades de integração. Este estudo oferece informações valiosas sobre os mecanismos de processamento semântico cross-modal e pode contribuir para o desenvolvimento de estratégias de intervenção de linguagem adaptadas, baseadas na neurodiversidade. A pesquisa sugere que focar no fortalecimento da ativação semântica pode ser uma abordagem promissora para auxiliar crianças autistas na compreensão e utilização da comunicação não verbal. O estudo destaca a importância de entender as nuances do processamento de informações em indivíduos autistas para desenvolver intervenções mais eficazes e personalizadas.

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