Estudos recentes têm demonstrado a influência de fatores ambientais, como a exposição pré-natal ao ácido valpróico (VPA), no desenvolvimento de características semelhantes às encontradas em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). O VPA, utilizado no tratamento de condições neurológicas, tem sido associado a alterações morfológicas e comportamentais quando fetos são expostos a ele durante a gestação. Uma pesquisa recente investigou como essa exposição afeta o córtex somatossensorial, especificamente a área responsável pelo processamento das informações táteis dos bigodes em ratos.
O estudo analisou mapas corticais dos bigodes em ratos expostos ao VPA durante o período pré-natal, utilizando técnicas de histoquímica. Os resultados revelaram alterações significativas na área do córtex somatossensorial primário, incluindo uma redução na área total do mapa dos bigodes e uma definição menos clara dos cilindros corticais, estruturas responsáveis por processar as informações de cada bigode individualmente. Adicionalmente, observou-se a fusão de alguns cilindros adjacentes e uma redução na curvatura da linha dos cilindros, indicando uma desorganização da representação somatotópica.
Essas descobertas são consistentes com estudos anteriores em modelos genéticos de TEA, como em camundongos com deleção do gene Mecp2, que apresentam conectividade tálamo-cortical reduzida e alterações estruturais nos neurônios da camada IV do córtex. A pesquisa também ressalta a crescente importância dos déficits sensoriais no TEA, que podem envolver disfunções tanto no sistema nervoso central quanto no periférico. A identificação dessas alterações no córtex somatossensorial em modelos animais expostos a fatores ambientais oferece uma nova perspectiva para a compreensão dos mecanismos subjacentes ao TEA e abre caminhos para futuras investigações sobre o papel do ambiente no desenvolvimento do transtorno. A análise mais aprofundada das contribuições dos sistemas nervosos central e periférico poderá fornecer *insights* valiosos para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas mais eficazes para indivíduos com TEA.
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