A rizotomia dorsal seletiva (RDS) é um procedimento cirúrgico que tem sido utilizado há décadas para reduzir a espasticidade, principalmente em crianças com paralisia cerebral. No entanto, a questão de quais pacientes são os candidatos ideais para esta cirurgia tem sido um tema de debate contínuo desde o seu surgimento. Tradicionalmente, a seleção de pacientes para a RDS seguia critérios bastante restritos, baseados principalmente na idade, nível de função motora e ausência de distonia.
Historicamente, a RDS era considerada para crianças entre 3 e 9 anos de idade, classificadas nos níveis 2 ou 3 da Escala de Função Motora Grossa (GMFCS), e que não apresentavam sinais de distonia. Esses critérios visavam garantir que os pacientes tivessem um potencial razoável de melhorar sua mobilidade e qualidade de vida após a cirurgia. O objetivo principal da RDS é diminuir a rigidez muscular, permitindo maior facilidade nos movimentos e, consequentemente, um desenvolvimento motor mais favorável. A idade era um fator importante, pois se acreditava que crianças mais novas teriam maior plasticidade cerebral, o que facilitaria a adaptação aos novos padrões de movimento após a cirurgia.
Nos últimos anos, com o avanço das técnicas cirúrgicas e o aumento da experiência clínica, os critérios de seleção para a RDS têm se expandido. Há evidências crescentes de que um grupo mais amplo de pacientes pode se beneficiar do procedimento, incluindo aqueles fora da faixa etária tradicional e com diferentes níveis de comprometimento motor. Essa mudança de perspectiva reflete uma melhor compreensão da complexidade da espasticidade e do potencial da RDS para melhorar a função e a qualidade de vida em uma variedade maior de indivíduos. A avaliação individualizada e a consideração de múltiplos fatores, além dos critérios tradicionais, são cada vez mais importantes na decisão de indicar ou não a RDS. A expansão dos critérios de seleção visa garantir que mais pacientes tenham a oportunidade de se beneficiar deste procedimento que pode melhorar significativamente a qualidade de vida.
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