A espasticidade, caracterizada pela rigidez muscular e resistência ao alongamento, é uma condição frequentemente associada à paralisia cerebral. Ela surge devido a um desequilíbrio nos reflexos, com a perda da influência inibitória do cérebro sobre os músculos. Essa condição leva a músculos encurtados, restringindo o movimento, e a alterações nos tecidos moles, reduzindo sua viscoelasticidade. Compreender as bases neurofisiológicas da espasticidade é crucial para determinar as melhores abordagens de tratamento, incluindo a rizotomia dorsal.
Um aspecto importante da espasticidade é a distinção entre seus componentes neural e biomecânico. A parte neural, diretamente relacionada à atividade nervosa exagerada, é sensível a medicamentos antiespásticos. Já a parte biomecânica, decorrente das alterações nos tecidos moles, responde melhor à fisioterapia. Em crianças com paralisia cerebral, a espasticidade pode ser agravada pela distonia, um estado de hipertonia sustentada durante tentativas de movimento voluntário. É fundamental diferenciar espasticidade de distonia, pois a rizotomia dorsal tem um efeito limitado sobre o componente distônico.
A rizotomia dorsal lombo-sacral é um procedimento cirúrgico que visa reduzir a espasticidade ao interromper seletivamente as fibras nervosas sensoriais na medula espinhal. Essa intervenção não apenas age no nível segmentar dos membros inferiores, mas também influencia a formação reticular, uma área do cérebro envolvida na regulação do tônus muscular. Ao aliviar a espasticidade, a rizotomia dorsal pode melhorar a mobilidade, reduzir a dor e prevenir deformidades musculoesqueléticas em crianças com paralisia cerebral. A avaliação cuidadosa do paciente e a compreensão dos mecanismos subjacentes à espasticidade são essenciais para determinar a adequação da rizotomia dorsal como opção terapêutica.
Origem: Link