A depressão, também conhecida como Transtorno Depressivo Maior (TDM), é uma condição complexa e multifacetada, caracterizada por uma ampla gama de sintomas e manifestações. Essa heterogeneidade representa um desafio significativo no desenvolvimento de tratamentos eficazes, uma vez que as interações entre os sintomas clínicos e os aspectos neurobiológicos da doença são intrincadas e variadas. Pesquisadores têm se dedicado a encontrar formas de compreender melhor essa complexidade para personalizar as abordagens terapêuticas.
Um estudo recente utilizou uma técnica avançada de análise, a análise de componentes principais contrastiva, aplicada a dados de ressonância magnética funcional (fMRI) em estado de repouso. Essa técnica permitiu isolar variações específicas associadas à depressão, comparando dados de 233 pacientes com TDM e 285 indivíduos saudáveis. O objetivo foi identificar padrões de conectividade funcional no cérebro que se correlacionassem com diferentes dimensões dos sintomas depressivos. Os resultados revelaram duas dimensões significativas que ligam circuitos cerebrais distintos a perfis clínicos específicos.
Uma dessas dimensões está relacionada a um espectro de sintomas de internalização e externalização, envolvendo redes visuais e límbicas do cérebro. Essa dimensão também se mostrou associada aos tempos de reação em tarefas cognitivas. A outra dimensão identificada está ligada a traços de personalidade que podem proteger contra a depressão, como a extroversão. Essa dimensão é influenciada por conexões na rede de atenção dorsal e se correlaciona com o controle cognitivo e o desempenho psicomotor. A identificação dessas dimensões estáveis de sintomas e seus fundamentos neurofisiológicos pode auxiliar na fenotipagem precisa da depressão, pavimentando o caminho para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas individualizadas e mais eficazes para o tratamento da saúde mental.
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