A coordenação motora bem-sucedida em interações sociais depende da nossa capacidade de interpretar rapidamente as intenções dos outros a partir de suas ações. Pesquisas anteriores sugerem que utilizamos pistas corporais sutis, como a cinemática do movimento e o olhar, para prever o comportamento alheio. No entanto, as características motoras cruciais para sinalizar ou decodificar potenciais interações sociais permanecem pouco claras.
Um estudo recente investigou a cinemática de um ato motor básico – pegar um objeto – executado com intenções individualistas (colocar) ou sociais (passar). Os resultados revelaram que o posicionamento da mão no objeto emerge como um indicador cinemático chave da intenção de interagir com um parceiro. Análises e classificações das respostas dos participantes confirmaram essa importância. Além disso, a análise do rastreamento ocular (eye-tracking) revelou que o rosto é a característica mais observada durante a observação da ação.
Curiosamente, essas pistas (posição da mão e olhar para o rosto) foram mais consistentemente observadas ao visualizar ações de uma perspectiva frontal (segunda pessoa) em comparação com uma perspectiva lateral (terceira pessoa). Esses achados destacam a relevância das interações mão-objeto e do rosto na decodificação do potencial de envolvimento em contextos de segunda pessoa, oferecendo novas perspectivas sobre o processamento da social affordance – a percepção de oportunidades para interação social – tanto na execução quanto na observação de ações. Compreender esses mecanismos pode ser crucial para desenvolver intervenções que melhorem a comunicação e a interação social em indivíduos com dificuldades nessas áreas, impactando positivamente sua saúde social e bem-estar.
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