A memória prospectiva, fundamental para o nosso dia a dia, é a capacidade de lembrar de realizar ações planejadas no futuro. Imagine lembrar de tomar um remédio, enviar um e-mail importante ou comparecer a um compromisso. Um estudo recente investigou como essa função cognitiva se manifesta em adultos autistas, analisando seu desempenho em tarefas de memória prospectiva em situações da vida real.
A pesquisa envolveu 29 participantes autistas e um grupo de controle de 30 pessoas, pareados por idade, gênero e habilidades cognitivas. Os participantes foram submetidos a diversas tarefas de memória prospectiva, que variavam em relação ao tempo (baseadas no tempo ou em eventos) e à atribuição (externamente atribuídas ou autoatribuídas). Além disso, foram integradas ao estudo avaliações utilizando o Método de Amostragem da Experiência (ESM) ao longo de três dias. Esse método permitiu coletar informações sobre as atividades diárias, a motivação dos participantes, suas rotinas e a percepção do estresse no dia a dia.
Contrariando algumas expectativas, o estudo não encontrou diferenças significativas no desempenho das tarefas de memória prospectiva entre os participantes autistas e o grupo de controle. Surpreendentemente, os adultos autistas não apresentaram dificuldades em lembrar de realizar as ações planejadas, mesmo em um contexto naturalístico. A análise revelou que, embora os níveis de estresse percebido fossem mais elevados no grupo autista, não houve diferenças em relação aos tipos de atividades realizadas ou à motivação. Esses resultados desafiam a noção de que pessoas autistas necessariamente enfrentam desafios na memória prospectiva em suas vidas cotidianas, abrindo novas perspectivas para a compreensão das habilidades cognitivas e do funcionamento diário nesse grupo.
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