O contato visual mútuo, ou olhar compartilhado, desempenha um papel fundamental nas interações iniciais entre pais e bebês. Apesar de sua importância, ainda não existe um consenso sobre sua definição precisa, seu desenvolvimento e suas implicações clínicas. Uma revisão recente buscou aprofundar a compreensão de como o olhar mútuo se desenvolve durante as interações entre mães e bebês, tanto em situações típicas quanto atípicas, e como isso pode influenciar o futuro desenvolvimento social, cognitivo e comportamental da criança.
A análise de diversos estudos revelou que o olhar mútuo é influenciado por processos neurobiológicos subjacentes, resultando em comportamentos e interações específicas. Essas interações evoluem ao longo do primeiro ano de vida e estão positivamente associadas ao desenvolvimento de habilidades de autorregulação atencional e socioemocional. Em outras palavras, a forma como um bebê interage com o olhar com seus pais pode ser um indicativo de como ele desenvolverá sua capacidade de se concentrar e de lidar com suas emoções no futuro.
Além disso, a pesquisa identificou características distintas no comportamento do olhar mútuo em bebês com certas condições de neurodesenvolvimento, como bebês prematuros e aqueles com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Em particular, o estudo sugere que o olhar mútuo pode servir como um marcador comportamental potencial de TEA em bebês com mais de 6 meses de idade. No entanto, os pesquisadores ressaltam a necessidade de mais estudos para confirmar essa conclusão e entender completamente as nuances do contato visual em diferentes contextos de desenvolvimento. A compreensão da importância do olhar mútuo pode abrir portas para intervenções precoces e personalizadas, visando otimizar o desenvolvimento infantil.
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