O canabidiol (CBD), composto encontrado na cannabis, tem sido alvo de crescente interesse na área da saúde, especialmente em relação a condições neurológicas. Estudos preliminares sugeriram que o CBD poderia ajudar a reduzir comportamentos problemáticos em crianças com autismo, mas a falta de ensaios clínicos controlados deixava dúvidas sobre sua real eficácia e segurança.
Um novo estudo clínico randomizado, duplo-cego e controlado por placebo investigou os efeitos do CBD em meninos autistas com idades entre 7 e 14 anos, que apresentavam comportamentos problemáticos severos. Durante o estudo, os participantes receberam CBD ou placebo por oito semanas, seguido por um período de interrupção e, em seguida, a troca para o outro tratamento. As doses de CBD foram ajustadas até um máximo de 20 mg/kg por dia. Os pesquisadores avaliaram mudanças em comportamentos repetitivos, problemas de comportamento e sintomas autísticos usando escalas padronizadas.
Os resultados mostraram que tanto o grupo que recebeu CBD quanto o grupo placebo apresentaram melhorias nos comportamentos repetitivos e problemas de comportamento. No entanto, não houve diferença significativa entre os grupos. Curiosamente, o grupo placebo apresentou melhora nos sintomas autísticos, mas esse efeito desapareceu quando os pesquisadores consideraram outros medicamentos que as crianças estavam tomando. Apesar da ausência de diferenças significativas nos resultados das escalas, as impressões clínicas indicaram que cerca de dois terços dos participantes apresentaram melhoras comportamentais com o CBD, enquanto um terço não apresentou mudanças ou melhorou com o placebo. O estudo também observou um forte efeito placebo, ressaltando a importância de estudos controlados por placebo ao avaliar tratamentos para autismo. O CBD demonstrou um perfil de segurança aceitável, embora os pesquisadores alertem que o uso de outros medicamentos pode influenciar os níveis de CBD no sangue e afetar os resultados do tratamento. Em conclusão, embora o estudo não tenha encontrado evidências claras de que o CBD seja eficaz na redução de uma ampla gama de comportamentos problemáticos, a melhora clínica observada em dois terços dos participantes sugere que o CBD pode ser benéfico para alguns indivíduos com autismo. Mais pesquisas são necessárias para identificar quais indivíduos podem se beneficiar mais do tratamento com CBD e para entender melhor os mecanismos de ação do CBD no autismo.
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