Pesquisas recentes têm explorado a relação entre traços autistas e a capacidade de compreensão narrativa, especialmente no que tange à inferência. Indivíduos com níveis mais elevados de traços autistas, por vezes, apresentam diferenças na forma como processam e entendem narrativas, em comparação com aqueles com níveis mais baixos. A capacidade de fazer inferências, ou seja, de extrair conclusões não explícitas a partir das informações apresentadas, parece ser um ponto chave nessa relação.
Embora existam estudos sobre a compreensão de narrativas verbais (histórias escritas ou faladas), menos se sabe sobre como os traços autistas influenciam a inferência em narrativas visuais, como histórias em quadrinhos. Um novo estudo investigou essa questão, buscando entender se a habilidade de inferir a partir de imagens sequenciais é afetada por características do espectro autista. A pesquisa utilizou duas abordagens: a primeira, um teste de reconhecimento de deleção, onde participantes identificavam a remoção de um painel em uma sequência visual; a segunda, um teste de visualização auto-paced, onde o tempo de visualização de sequências que exigiam inferência era medido, juntamente com a precisão na resposta a perguntas de compreensão.
Os resultados indicaram que traços autistas e fluência em linguagem visual podem influenciar a compreensão narrativa, especialmente em medidas de processamento offline (como a precisão em responder a perguntas). Análises adicionais sugerem que diferenças nas habilidades imaginativas podem estar por trás dessas modulações. Em suma, o estudo aponta para uma conexão complexa entre traços autistas, habilidades de linguagem visual e a capacidade de fazer inferências ao interpretar narrativas visuais, com implicações importantes para a compreensão da cognição social e da comunicação em indivíduos com diferentes perfis de desenvolvimento.
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