As desordens relacionadas ao gene SYNGAP1 representam um grupo de condições neurodesenvolvimentais complexas, frequentemente associadas ao transtorno do espectro autista (TEA), atraso no desenvolvimento, deficiência intelectual e diversas formas de epilepsia generalizada. Tradicionalmente, essas variantes genéticas surgem de forma espontânea (de novo). No entanto, um estudo recente lança luz sobre casos hereditários, ampliando nossa compreensão sobre a manifestação dessas desordens.
A pesquisa, publicada na revista Epilepsia, investigou três famílias com histórico de variantes no gene SYNGAP1. Os resultados revelaram que, em duas dessas famílias, a variante patogênica foi herdada de um dos pais, enquanto na terceira, a herança veio de um pai com mosaicismo genético (presença da mutação em apenas algumas células do corpo). Além disso, o estudo reportou duas famílias com variantes de significado incerto (missense), que, por ora, não podem ser consideradas diagnósticas.
Os fenótipos observados em crianças e pais afetados variaram desde apresentações típicas até formas mais atenuadas da desordem SYNGAP1. Curiosamente, um indivíduo com mosaicismo para a variante SYNGAP1 não apresentou manifestações clínicas. Entre os indivíduos com variantes que levam à produção de proteínas truncadas (não funcionais), a epilepsia generalizada foi observada em seis, o TEA em dois e atraso no desenvolvimento ou deficiência intelectual em todos os portadores de variantes germinativas. Este estudo estima que aproximadamente 3% dos casos de desordens relacionadas ao SYNGAP1 são, de fato, hereditários. O reconhecimento da possibilidade de ocorrência familiar dessas desordens é crucial para refinar a interpretação de variantes genéticas e aprimorar a prática clínica, além de auxiliar no aconselhamento genético para famílias em risco.
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