O sistema nervoso autônomo desempenha um papel fundamental na manutenção da homeostase fisiológica, e o nervo vago é um componente crucial desse sistema. A variabilidade da frequência cardíaca (VFC), ou HRV na sigla em inglês, é um biomarcador não invasivo do tônus vagal e da flexibilidade autonômica. Uma VFC reduzida tem sido associada a diversas condições, incluindo doenças cardiovasculares, hipertensão, inflamação e transtornos de saúde mental.
Novas pesquisas exploram intervenções não invasivas para aprimorar a atividade vagal. Dentre elas, destacam-se o biofeedback da VFC (HRV-B) e o protocolo seguro e sonoro (SSP). O HRV-B utiliza a respiração ritmada na frequência de ressonância individual, combinada com o monitoramento em tempo real da VFC. O objetivo é fortalecer a sensibilidade do barorreflexo, melhorar o equilíbrio autonômico, reduzir a inflamação sistêmica e aprimorar a regulação emocional. Estudos apontam para a eficácia do HRV-B na melhoria de resultados cardiovasculares, no controle da hipertensão e na redução dos sintomas de depressão e ansiedade, além de promover a resiliência.
O SSP, por sua vez, é uma intervenção baseada em estímulos auditivos, fundamentada na teoria polivagal. Ele tem como alvo o complexo vagal ventral por meio de música filtrada, visando promover o engajamento social, a regulação emocional e a ativação parassimpática. Estudos iniciais sugerem que o SSP pode trazer benefícios para indivíduos com transtorno do espectro autista, transtorno de estresse pós-traumático e doenças cardiovasculares. No entanto, são necessários ensaios controlados em larga escala para validar sua eficácia clínica. Tanto o HRV-B quanto o SSP representam estratégias inovadoras e não invasivas para promover a saúde e a resiliência, atuando nas áreas cardiovascular, neurológica e psicológica. Apesar do potencial, é importante considerar as limitações existentes, como a variabilidade individual, os desafios de adesão e a necessidade de mais pesquisas para otimizar os protocolos clínicos.
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