Forças Biomecânicas e Risco de Acidente Vascular Cerebral: Uma Revisão Detalhada

A ruptura da placa carotídea, um processo que envolve a liberação de detritos aterotrombóticos, é uma das principais causas de infarto cerebral em pacientes com estenose carotídea. Tradicionalmente, a gravidade da doença é avaliada pelo grau de estenose, mas este nem sempre é um indicador preciso do risco de acidente vascular cerebral (AVC). Pesquisadores têm proposto que as forças biomecânicas exercidas sobre a placa carotídea podem aumentar sua vulnerabilidade à ruptura, levando a alterações morfológicas adversas ou mesmo à disrupção direta.

Um estudo sistemático recente investigou a relação entre essas forças biomecânicas e os resultados adversos relacionados à placa carotídea. A análise considerou estudos que mediram as forças relacionadas ao fluxo sanguíneo atuando sobre placas ateroscleróticas carotídeas, utilizando geometrias específicas de cada paciente. As forças mais frequentemente medidas foram a tensão de cisalhamento da parede (WSS) e a tensão da parede da placa (PWS). Os resultados mostraram que, apesar da heterogeneidade nos tamanhos das amostras e nos desenhos dos estudos, o aumento de PWS e WSS estava consistentemente associado a desfechos desfavoráveis, como ruptura da placa, infarto cerebral, AVC e ataque isquêmico transitório.

Os níveis de PWS superiores a 160 kPa demonstraram uma sensibilidade superior a 80% e uma especificidade superior a 75% na identificação de pacientes com eventos adversos. Similarmente, níveis de WSS superiores a 50 dyn/cm² apresentaram uma sensibilidade de 100% e uma especificidade de 67% na diferenciação entre pacientes com e sem eventos adversos. Esses achados sugerem que a avaliação das forças biomecânicas pode ser uma ferramenta valiosa na predição do risco de AVC em pacientes com estenose carotídea, complementando as avaliações tradicionais baseadas no grau de estenose. No entanto, devido à heterogeneidade dos estudos, os pesquisadores enfatizam a necessidade de confirmação desses resultados em estudos prospectivos maiores.

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