O Transtorno do Espectro Autista (TEA) manifesta-se precocemente na vida, apresentando diferenças notáveis nas habilidades sociais e de linguagem. Uma pesquisa recente investigou a relação entre a morfometria cerebral em bebês e o desenvolvimento da linguagem, utilizando um modelo de estudo com irmãos. Participaram do estudo bebês com um irmão mais velho diagnosticado com autismo (alto risco, AR) e que posteriormente também foram diagnosticados com TEA (AR-TEA; n = 31), além de dois grupos de controle não autistas: AR-Neg (bebês AR não diagnosticados com autismo; n = 126) e BR-Neg (bebês com desenvolvimento típico sem histórico familiar de autismo; n = 77).
Os pesquisadores mediram a espessura cortical e a área de superfície do cérebro dos bebês aos 6 e 12 meses de idade, e avaliaram as habilidades de linguagem expressiva e receptiva aos 24 meses. Análises de correlação de mínimos quadrados parciais foram realizadas separadamente para cada um dos três grupos. Nos resultados do grupo AR-TEA, foram identificadas associações negativas entre a área de superfície no giro frontal inferior esquerdo e as habilidades de linguagem aos 24 meses. É importante ressaltar que regiões fora da rede de linguagem adulta padrão também estavam associadas à linguagem no grupo AR-TEA.
Os resultados apontam para processos distintos que guiam o desenvolvimento da área de superfície e da espessura cortical no grupo AR-TEA. As associações foram predominantemente negativas para a área de superfície aos 6 meses, mas majoritariamente positivas para a espessura cortical no mesmo período. Este estudo, baseado em dados empíricos, está alinhado com a teoria da especialização interativa, que enfatiza a natureza dinâmica do cérebro infantil, e defende uma abordagem holística na investigação do neurodesenvolvimento precoce cérebro-comportamento no TEA. A pesquisa sugere que a análise da morfometria cerebral infantil pode fornecer informações valiosas sobre o desenvolvimento da linguagem em crianças com risco de TEA.
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