A utilização de iodóforos, desinfetantes amplamente empregados na preparação da pele antes de cirurgias, tratamento de queimaduras e desinfecção de mucosas, é considerada segura na prática médica. No entanto, um estudo recente publicado na revista BMC Urology relata um caso incomum de toxicidade sistêmica por iodo resultante da irrigação com iodóforo durante uma vesiculoscopia seminal transuretral (TUSV).
O paciente, um homem de 70 anos, apresentou hipotensão transitória, vômitos, confusão mental e acidose láctica severa após o procedimento. A acidose láctica é uma condição grave que ocorre quando o corpo produz ácido láctico em excesso, levando a um desequilíbrio no pH sanguíneo. Diante do quadro, o paciente foi internado na unidade de terapia intensiva (UTI) e submetido à hemodiafiltração venovenosa contínua (CVVH), um tipo de terapia de substituição renal, para remover o excesso de iodo e corrigir o desequilíbrio metabólico. Após seis dias de tratamento intensivo, o paciente apresentou melhora e a CVVH foi descontinuada, recebendo alta hospitalar 22 dias após a internação na UTI.
Este caso serve como um importante lembrete de que, embora raros, os efeitos adversos da absorção de iodóforos podem ocorrer, mesmo durante sua aplicação rotineira. A equipe médica deve estar atenta aos sinais e sintomas de toxicidade por iodo, especialmente em pacientes submetidos a procedimentos que envolvem a irrigação com soluções contendo iodo. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são cruciais para prevenir complicações graves e garantir a recuperação do paciente. Este é o primeiro caso relatado de toxicidade sistêmica por iodo causada pela irrigação com iodóforo durante a vesiculoscopia seminal transuretral, ressaltando a necessidade de estudos adicionais para avaliar os riscos e benefícios do uso de iodóforos em diferentes procedimentos médicos.
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