A cetoacidose diabética (CAD) é uma complicação grave do diabetes, caracterizada por níveis elevados de glicose no sangue, acidose metabólica e presença de corpos cetônicos. Embora a CAD possa ser desencadeada por diversos fatores, infecções são uma causa comum. Um cenário particularmente alarmante é quando a CAD ocorre em conjunto com uma infecção necrosante de tecidos moles (INTM), uma condição que exige reconhecimento e tratamento imediatos.
As INTMs são infecções bacterianas agressivas que destroem rapidamente a pele, os músculos e o tecido adiposo. A apresentação inicial pode ser enganosa, com sintomas como inchaço, vermelhidão e dor desproporcional ao exame físico. Em alguns casos, podem surgir bolhas, necrose, crepitação (sensação de ar sob a pele) e até mesmo anestesia cutânea. O diagnóstico precoce é crucial, pois a INTM pode progredir rapidamente e levar a complicações graves, incluindo sepse e morte.
O tratamento da CAD associada à INTM envolve uma abordagem multidisciplinar. Inicialmente, é fundamental estabilizar o paciente com fluidos intravenosos e insulina para corrigir a hiperglicemia e a acidose. A antibioticoterapia de amplo espectro é essencial para combater a infecção, geralmente com uma combinação de vancomicina (ou linezolida) e um betalactâmico (como piperacilina/tazobactam ou carbapenem), além de clindamicina para reduzir a produção de toxinas bacterianas. O debridamento cirúrgico, que consiste na remoção do tecido infectado e necrótico, é um componente crítico do tratamento e deve ser realizado o mais rápido possível para controlar a progressão da infecção e salvar a vida do paciente. É importante lembrar que a reposição de potássio é vital antes de iniciar a insulinoterapia, especialmente se os níveis séricos estiverem baixos.
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