O citomegalovírus congênito (cCMV) é uma infecção que pode afetar bebês durante a gestação, com potenciais consequências para a saúde auditiva e o sistema vestibular. Um estudo recente publicado no Scientific Reports investigou o impacto a longo prazo dessa infecção em crianças, analisando a função vestibular e os resultados auditivos por meio de uma série de testes abrangentes. O objetivo foi identificar possíveis relações entre danos cocleares e vestibulares e as variáveis clínicas relevantes da infecção por CMV.
A pesquisa acompanhou 40 crianças afetadas pelo cCMV, avaliando-as entre junho de 2016 e dezembro de 2023. Os resultados revelaram que crianças com sintomas relacionados ao CMV apresentaram uma incidência significativamente maior de perda auditiva (50% vs. 0,0%), atraso psicomotor (25% vs. 0,0%) e disfunção vestibular (66,7% vs. 17,9%). A disfunção vestibular foi confirmada por meio de testes específicos, como o vídeo head impulse test (vHIT), que avaliou o ganho dos canais semicirculares laterais, e os potenciais evocados miogênicos vestibulares cervicais (cVEMPs).
Além disso, o estudo identificou associações significativas entre a disfunção vestibular e outros fatores, como a presença de sintomas relacionados ao cCMV ao nascimento, alterações em neuroimagem, necessidade de terapia antiviral e viremia positiva no início da infecção. Curiosamente, o momento da infecção materna por CMV também pareceu influenciar os resultados: infecções no primeiro trimestre da gravidez foram associadas a crianças com disfunção vestibular, enquanto infecções no terceiro trimestre foram mais comuns em crianças sem essa condição. A pesquisa conclui que o cCMV pode afetar tanto a cóclea quanto o sistema vestibular, com este último parecendo ser mais vulnerável. Portanto, a avaliação vestibular deve ser incluída na rotina audiológica de crianças com cCMV, garantindo um acompanhamento completo e otimizando o tratamento e a reabilitação quando necessário. A identificação precoce e o monitoramento contínuo são cruciais para minimizar o impacto da infecção na qualidade de vida dessas crianças.
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