Nossa capacidade de acompanhar objetos em movimento com os olhos, conhecida como movimentos de perseguição suave (SPEM, na sigla em inglês), é crucial para diversas atividades diárias. Desde seguir uma bola de tênis até acompanhar um carro na estrada, esses movimentos nos permitem coletar informações visuais essenciais. Surpreendentemente, condições neurológicas como o Parkinson e o AVC podem comprometer o controle voluntário dos SPEM, tornando-os um indicador sensível das funções cognitivas e sensório-motoras.
Pesquisas recentes têm demonstrado que a atenção e a memória de trabalho exercem influência sobre os SPEM. Um estudo publicado na revista Psychophysiology em maio de 2025 investigou como a modalidade sensorial de tarefas simultâneas interage com esses efeitos. Os pesquisadores exploraram como diferentes níveis de carga de memória de trabalho (nenhuma, baixa e alta) combinados com tarefas visuais ou auditivas afetam os SPEM em adultos jovens e saudáveis. Os participantes rastrearam um círculo em movimento enquanto realizavam tarefas aritméticas que envolviam somar números constantes ou variáveis, apresentados visualmente ou por áudio.
Os resultados revelaram que a realização de uma tarefa auditiva secundária aumentou a variabilidade do rastreamento durante períodos de alta demanda cognitiva. Em contrapartida, a tarefa visual melhorou o rastreamento, reduzindo a variabilidade independentemente da carga cognitiva. Os autores interpretam esses achados como evidência de que o processamento auditivo exige um controle ‘de cima para baixo’ adicional, que é crucial para o controle dos movimentos de perseguição suave. Esse processo extra parece desviar recursos necessários para o rastreamento, aumentando a variabilidade dos SPEM. Essa descoberta destaca a importância da modalidade sensorial na compreensão das interações entre a memória de trabalho e o controle oculomotor, sugerindo que tarefas cognitivas secundárias auditivas podem oferecer um teste mais sensível de déficits de controle sensório-motor em futuras pesquisas com populações clínicas. Em outras palavras, a forma como processamos informações visuais e auditivas pode ter um impacto significativo na precisão com que conseguimos rastrear objetos com os olhos, e entender essa relação pode ser valioso no diagnóstico e acompanhamento de diversas condições neurológicas.
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