Estudos recentes têm demonstrado que pacientes com transtornos psiquiátricos frequentemente apresentam anomalias nas funções sensório-motoras, além dos déficits cognitivos já conhecidos. Essa observação despertou o interesse em investigar se a ansiedade traço, uma tendência persistente a sentir ansiedade em diversas situações, poderia impactar as funções corticais motoras.
A pesquisa publicada na BMC Psychiatry em 2025, investigou a relação entre a ansiedade traço e dois fenômenos cerebrais importantes relacionados ao movimento: a dessincronização relacionada a eventos (ERD) e a sincronização relacionada a eventos (ERS) das oscilações alfa e beta. A ERD está associada à execução do movimento, enquanto a ERS está ligada à sua finalização. O estudo comparou dois grupos de indivíduos: um com alta ansiedade traço (HTA) e outro com baixa ansiedade traço (LTA), monitorando sua atividade cerebral (EEG) durante a realização de uma tarefa Go-Nogo. Curiosamente, embora não tenham sido encontradas diferenças significativas na potência da ERD ou ERS entre os grupos, uma descoberta notável emergiu: nos indivíduos com baixa ansiedade traço, observou-se uma correlação significativa entre a ERD beta e a ERS alfa/beta, sugerindo um acoplamento funcional entre esses processos. No entanto, essa conexão estava ausente nos indivíduos com alta ansiedade traço.
Essa ausência de acoplamento funcional entre ERD e ERS em indivíduos com alta ansiedade traço sugere que a ansiedade pode interferir na coordenação eficiente das atividades cerebrais relacionadas ao planejamento e execução de movimentos. Esses achados abrem novas perspectivas para a compreensão da relação entre a ansiedade e a função motora, podendo levar a intervenções mais direcionadas para pessoas que sofrem de ansiedade e apresentam dificuldades motoras. Em outras palavras, a ansiedade traço modula negativamente o acoplamento de ERD e ERS motor, impactando potencialmente a maneira como o cérebro coordena os movimentos.
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