Autismo: A Relação Surpreendente Entre Sensibilidade Sensorial e Comportamentos Repetitivos

Comportamentos repetitivos, ações executadas de forma consistente e frequente sem um propósito funcional óbvio, são características comuns em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). Esses comportamentos podem ter um impacto significativo na vida diária, dificultando a integração social e gerando angústia. Uma área de pesquisa crescente explora a ligação entre esses comportamentos e o processamento sensorial.

Estudos indicam que a maioria das pessoas com TEA apresenta alguma forma de alteração no processamento sensorial. Essas alterações podem levar a experiências sensoriais exageradas ou diminuídas, impactando diretamente o comportamento. A teoria é que os comportamentos repetitivos podem surgir como uma forma de regular a estimulação sensorial e alcançar um estado de equilíbrio. Imagine, por exemplo, uma criança que balança o corpo repetidamente para se acalmar em um ambiente com muitos estímulos visuais e sonoros. Esse movimento pode ser uma maneira de modular a entrada sensorial e reduzir a sobrecarga.

Uma pesquisa recente investigou as diferenças e as relações entre o perfil sensorial e os comportamentos repetitivos em indivíduos com autismo. O estudo, que envolveu 48 participantes com idades entre 4 e 26 anos, utilizou a Escala de Comportamento Repetitivo de Bodfish e o Perfil Sensorial 2 de Dunn como instrumentos de medição. Os resultados mostraram que existem diferenças entre os grupos de estudantes, com aqueles classificados no nível 3 de autismo (o nível que exige mais apoio) apresentando maior incidência de autolesão, maiores dificuldades no processamento tátil e de movimento, e maior passividade em resposta a estímulos sensoriais. Surpreendentemente, as correlações entre comportamento repetitivo e processamento sensorial foram consideradas fracas, contrariando a literatura anterior. Isso sugere que a relação entre esses dois aspectos pode ser mais complexa do que se imaginava e exige mais investigação para compreendermos completamente como a sensibilidade sensorial influencia os comportamentos em pessoas com TEA.

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