Durante muito tempo, a visão foi considerada o principal sentido responsável por guiar nossos movimentos, especialmente os das mãos. No entanto, um estudo recente publicado na revista Scientific Reports lança luz sobre o papel crucial do tato nesse processo. A pesquisa demonstra que a sensibilidade tátil das mãos desempenha um papel muito maior do que se imaginava na precisão e no controle dos movimentos, desafiando a noção tradicional de que a visão é a única protagonista.
Para investigar a fundo essa questão, os pesquisadores desenvolveram uma técnica inovadora que permitiu isolar e medir a contribuição do tato durante movimentos de deslizamento dos dedos sobre uma superfície. Eles pediram a jovens adultos que traçassem formas bidimensionais com o dedo indicador, utilizando feedback visual direto ou invertido em um espelho. Essa manipulação criou um conflito entre as informações visuais e as sensoriais táteis, permitindo aos cientistas observar como o cérebro lidava com essa discrepância e qual sentido se tornava mais dominante no controle do movimento.
Os resultados revelaram que, em situações de conflito sensorial, uma maior dependência do tato comprometia a precisão dos movimentos. Os participantes apresentaram um desempenho inferior ao traçar as formas com o dedo descoberto em comparação com o uso de uma tala lisa e rígida que diminuía a sensibilidade tátil. Adicionalmente, análises de eletroencefalograma (EEG) mostraram uma menor atividade no córtex somatossensorial durante o conflito sensorial quando o dedo tocava diretamente a superfície. Esses achados sugerem que o sistema nervoso central pode atenuar seletivamente as informações táteis irrelevantes para a tarefa, mitigando o conflito visuo-somatossensorial e destacando a importância do tato no controle motor fino e na percepção do espaço ao nosso redor.
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