A paralisia cerebral (PC) é frequentemente associada a níveis mais baixos de atividade física em comparação com crianças e jovens com desenvolvimento típico. No entanto, um novo estudo publicado no European Journal of Sport Science desafia essa percepção, indicando que indivíduos com PC podem ser tão ativos quanto seus pares, especialmente quando se considera o maior gasto energético que eles têm durante as atividades.
A pesquisa avaliou a atividade física de 10 crianças e jovens adultos com PC e 8 participantes com desenvolvimento típico, utilizando acelerômetros triaxiais para medir o tempo gasto em atividades sedentárias, atividades leves e atividades moderadas a vigorosas. Os resultados mostraram que, ao utilizar critérios gerais de avaliação, não houve diferenças estatisticamente significativas entre os dois grupos. No entanto, ao aplicar critérios específicos para o sistema de Classificação da Função Motora Grossa (GMFCS), observou-se que os participantes com PC apresentavam um tempo significativamente maior em atividades físicas leves. Essa diferença sugere que as atividades, mesmo que consideradas leves, demandam um esforço maior para quem tem PC.
Um aspecto interessante do estudo foi a implementação de uma intervenção de exercício de três meses para o grupo com PC, visando melhorar a força muscular e o desempenho da marcha. Surpreendentemente, essa intervenção não resultou em um aumento significativo na atividade física geral. Isso pode indicar que, embora a força e a marcha tenham melhorado, outros fatores, como motivação, acesso a oportunidades adequadas e barreiras ambientais, podem ter um papel mais importante na promoção da atividade física em longo prazo para indivíduos com PC. Em conclusão, o estudo ressalta a importância de considerar o contexto individual e o gasto energético ao avaliar a atividade física em pessoas com paralisia cerebral e direciona o foco para intervenções mais abrangentes que vão além do simples fortalecimento muscular.
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