A disfunção motora é frequentemente observada em indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), mas muitas vezes não é considerada um alvo terapêutico prioritário. Uma pesquisa recente investigou a relação entre características motoras e os sintomas autísticos, explorando se intervenções focadas no aprimoramento da postura e da coordenação podem impactar positivamente o quadro geral.
O estudo acompanhou duas crianças diagnosticadas com TEA, uma menina de 3 anos e 9 meses e um menino de 4 anos e 7 meses, durante um período de 20 a 23 meses. Os pesquisadores observaram posturas assimétricas, torção ao redor do eixo longitudinal do corpo e um uso limitado das mãos, especialmente dos polegares, em ambos os participantes. A intervenção consistiu em encorajar repetidamente as crianças a se envolverem em experiências motoras que estimulassem a consciência espacial e a correção postural. Mais de cinquenta itens descrevendo particularidades motoras, comunicação e interações sociais foram avaliados ao longo do tempo.
Os resultados revelaram uma melhora progressiva e sincronizada na maioria dos itens analisados. Notavelmente, as habilidades de comunicação e interação social apresentaram um desenvolvimento paralelo ao das habilidades motoras. As pontuações no CARS (Childhood Autism Rating Scale), uma escala de avaliação do autismo, também demonstraram uma diminuição, indicando uma redução na severidade dos sintomas autísticos. Esses achados sugerem que a disfunção motora pode ser uma dimensão intrínseca do autismo e que intervenções que visam melhorar a organização motora em torno de um “eixo corporal” podem trazer benefícios significativos para crianças com TEA. Este estudo abre novas portas para abordagens terapêuticas que integram o desenvolvimento motor ao tratamento do autismo, oferecendo uma perspectiva mais holística e potencialmente mais eficaz.
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