Balbucio Canônico e Autismo: O que os Primeiros Sons do Bebê Revelam?

O balbucio canônico, uma fase crucial no desenvolvimento da linguagem infantil, surge tipicamente no segundo semestre do primeiro ano de vida. Essa etapa é caracterizada pela produção de sílabas canônicas, que consistem na rápida transição entre sons consonantais e vocálicos, como por exemplo, ‘gugugu’. A avaliação do balbucio canônico, em especial a razão de balbucio canônico (RBC), tem sido objeto de estudo em crianças com risco familiar elevado para Transtorno do Espectro Autista (TEA) ou que posteriormente recebem esse diagnóstico.

Um estudo recente investigou se a RBC, calculada a partir de gravações de áudio de longa duração usando a ferramenta LENA®, apresentava diferenças entre três grupos de bebês: aqueles com alta probabilidade familiar para TEA que receberam o diagnóstico (EL-ASD), aqueles com alta probabilidade familiar para TEA que não receberam o diagnóstico (EL-Neg) e bebês com baixa probabilidade para TEA (LL-Neg). A análise foi realizada em amostras de áudio coletadas aos 9 e 15 meses de idade. Os resultados indicaram que, embora não houvesse diferenças significativas nas médias de RBC entre os grupos nessas idades, os bebês do grupo EL-ASD demonstraram menor probabilidade de atingir o limiar de 0,15 de RBC aos 9 meses, um marco que indica o alcance do estágio de balbucio canônico. Isso sugere que, para algumas crianças, o diagnóstico de TEA pode estar associado a atrasos nessa fase do desenvolvimento da linguagem.

É importante ressaltar que o estudo não encontrou associação entre a RBC aos 9 e 15 meses e as habilidades linguísticas posteriores, avaliadas aos 24 meses. No entanto, a identificação de um atraso no alcance do balbucio canônico em uma parcela das crianças diagnosticadas com TEA reforça a importância do monitoramento precoce do desenvolvimento da linguagem. Estudos futuros, com amostras maiores e protocolos de avaliação mais padronizados, são necessários para confirmar esses achados e investigar os mecanismos subjacentes a essa associação. A detecção precoce de possíveis atrasos no desenvolvimento da linguagem pode permitir intervenções mais eficazes, maximizando o potencial de comunicação e desenvolvimento dessas crianças.

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