“
Um estudo analisou o percurso de quatro famílias brasileiras que tiveram o poder familiar destituído pelo Sistema de Garantia de Direitos da Criança e do Adolescente. Utilizando a análise do discurso de orientação psicanalítica, a pesquisa utilizou documentos do acompanhamento dos casos e entrevistas com familiares e agentes institucionais. Os resultados revelam padrões discursivos que normalizam a suspensão ou destituição do poder familiar, medidas punitivas aplicadas de forma desproporcional a famílias de baixa renda, com as mulheres sendo as principais responsabilizadas pelas falhas nos cuidados.
A pesquisa destaca a falta de continuidade no acompanhamento dessas famílias, que só é retomado quando ocorre a repetição da aplicação dessas medidas protetivas, caracterizando uma falha sistêmica. A escuta dos envolvidos nesses processos é apontada como uma estratégia para ultrapassar práticas prescritivas e normativas que reforçam a exclusão e a criminalização da pobreza, principalmente das famílias negras. A pesquisa sugere a necessidade de revisão das práticas institucionais para garantir uma abordagem mais justa e equitativa a essas famílias, considerando as suas histórias e contextos específicos, em vez de aplicar medidas punitivas generalizadas.
“