Cannabis e Direção: Análise Retrospectiva Revela Desafios na Definição de Limites Seguros
A recente legalização parcial da cannabis na Alemanha e o aumento do limite legal de THC no soro sanguíneo para 3,5 ng/ml levantaram questões cruciais sobre a segurança no trânsito. Um estudo retrospectivo analisou casos de 2020 e 2021 envolvendo motoristas suspeitos de dirigir sob a influência de cannabis (DUIC), isoladamente ou em combinação com álcool (DUIAC), para determinar se um valor específico de concentração de THC ou um fator de influência da cannabis (CIF) poderia ser identificado como um ponto de corte para prejuízos significativos no comportamento e na capacidade de dirigir.
Os pesquisadores avaliaram 740 casos, considerando o comportamento dos motoristas, suas habilidades de direção, a concentração de THC e seus metabólitos no soro sanguíneo, os valores de CIF e, em casos de consumo combinado, a concentração de álcool no sangue (BAC). Os resultados confirmaram que a cannabis afeta as funções psicomotoras e cognitivas, e que existe uma correlação aproximada entre a concentração de THC no soro e o comprometimento da capacidade de dirigir. No entanto, o estudo não conseguiu definir um valor de corte claro acima do qual o prejuízo aumenta significativamente.
Apesar de terem sido observadas concentrações ligeiramente mais elevadas de THC no soro e valores de CIF em casos com evidências concretas de infrações penais, as diferenças absolutas foram pequenas e houve muita sobreposição entre os grupos. Isso impossibilitou a definição de um valor de corte útil para o THC. Embora exista uma relação mensurável entre a concentração de THC no soro e o prejuízo, essa relação é considerada fraca demais para definir cientificamente um limite seguro. Em relação ao novo limite legal de THC, o estudo revelou que aproximadamente um terço dos casos avaliados não estariam sujeitos a penalidades legais se o limite de 3,5 ng/ml fosse aplicado. Este estudo ressalta a complexidade de estabelecer limites objetivos para o consumo de cannabis e seus efeitos na capacidade de dirigir, enfatizando a necessidade de mais pesquisas e políticas públicas informadas.
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