Ingestão de Corpo Estranho em Adolescentes: Um Problema Subestimado
A ingestão de corpos estranhos (ICE) é um evento relativamente comum na infância, frequentemente associado à curiosidade e à exploração oral. No entanto, a ocorrência de ICE em adolescentes, embora menos divulgada, representa um desafio diagnóstico significativo, especialmente em indivíduos com deficiência intelectual, transtorno do espectro autista ou dificuldades comportamentais. Nesses casos, a ingestão pode ser impulsiva ou intencional, levando a complicações graves e atraso no diagnóstico.
Um estudo recente destacou três casos de adolescentes que apresentaram complicações intestinais decorrentes da ingestão de corpos estranhos. Um jovem de 14 anos com deficiência intelectual desenvolveu obstrução do intestino delgado após ingerir partes de um brinquedo de plástico, necessitando de intervenção cirúrgica. Outro caso envolveu um adolescente de 16 anos com problemas comportamentais que ingeriu um fragmento de saco plástico, resultando em obstrução ileal, também resolvida cirurgicamente. Surpreendentemente, uma mulher de 22 anos com transtorno de humor não tratado ingeriu um prego de 4 cm, que passou espontaneamente sob observação clínica. Este último caso ressalta a importância da avaliação psiquiátrica nesses quadros.
A dificuldade no diagnóstico da ICE em adolescentes reside, em parte, na apresentação clínica atípica, que pode se manifestar como obstrução intestinal inexplicada. Além disso, materiais radiotransparentes, como plásticos, frequentemente não são detectados em radiografias simples. Embora objetos metálicos lineares possam ser eliminados naturalmente, a tomografia computadorizada precoce, a intervenção cirúrgica oportuna e o suporte psiquiátrico são cruciais para otimizar os resultados clínicos nesses pacientes. A conscientização sobre a ICE em adolescentes, especialmente em grupos de risco, é fundamental para um diagnóstico precoce e tratamento adequado.
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