Saúde Desvendada

Seu local de informações de saúde

A estimulação cerebral profunda (ECP), também conhecida como DBS (do inglês Deep Brain Stimulation), representa uma terapia neuromoduladora promissora no tratamento de diversos transtornos neurológicos. Essa técnica inovadora envolve a implantação de eletrodos em áreas específicas do cérebro, com o objetivo de regular a atividade neural e, consequentemente, aliviar os sintomas associados a essas condições. O mecanismo de ação da ECP é complexo, atuando em diferentes níveis – micro, meso e macro – para influenciar a sinalização neuronal, a reorganização sináptica e a conectividade entre as regiões cerebrais.

Estudos recentes têm demonstrado o potencial da ECP no tratamento de transtornos neuropsiquiátricos complexos e heterogêneos, como o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC), para o qual já é uma terapia bem estabelecida. Pesquisas emergentes exploram o uso da ECP em outras condições, incluindo o transtorno do espectro autista (TEA), a depressão resistente ao tratamento (DRT) e a demência associada à doença de Alzheimer (DA). No TEA, a ECP tem se mostrado promissora na redução de comportamentos auto lesivos e agressividade, através do direcionamento a áreas cerebrais como o núcleo accumbens, a amígdala e o hipotálamo posteromedial. Já na DRT, a estimulação do giro cingulado subcaloso, do feixe prosencefálico medial e da cápsula ventral/estriado ventral tem demonstrado efeitos antidepressivos significativos. Em pacientes com demência e DA, a ECP direcionada ao fórnix e ao núcleo basal de Meynert tem apresentado resultados promissores na desaceleração do declínio cognitivo.

Apesar da variedade de alvos cerebrais, análises conectômicas revelam disfunções sobrepostas nas redes corticais-subcorticais em todos esses transtornos. Essa descoberta oferece insights importantes sobre os mecanismos neurobiológicos compartilhados entre essas condições, além de orientar o refinamento dos alvos terapêuticos para estudos futuros. A ECP para transtornos neuropsiquiátricos ainda está em seus estágios iniciais, enfrentando desafios como a heterogeneidade dos transtornos e a dificuldade em identificar os alvos cerebrais ideais. No entanto, avanços em neuroimagem funcional, estimulação de circuito fechado e abordagens conectômicas baseadas em aprendizado de máquina podem auxiliar na seleção de alvos e na melhor compreensão da neuroanatomia e fisiologia subjacentes a essas condições complexas, o que, por sua vez, pode levar a melhores resultados para os pacientes. Mais pesquisas são necessárias para estabelecer protocolos padronizados e expandir as aplicações terapêuticas da ECP em neuropsiquiatria.

Origem: Link

Deixe comentário