Autismo e Conectividade Cerebral: Descobertas em Meninos Pré-Escolares
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) manifesta-se através de desafios nas interações sociais e sensoriais, frequentemente associados a dificuldades no processamento de informações. A forma como o cérebro se conecta e integra informações, conhecida como conectividade funcional, desempenha um papel crucial nesse processo. Estudos anteriores já demonstraram padrões atípicos de conectividade funcional em crianças, adolescentes e adultos com TEA. No entanto, pouco se sabia sobre as alterações de conectividade em crianças com TEA em idade pré-escolar, um período crítico para o desenvolvimento cerebral e cognitivo.
Uma pesquisa recente investigou a conectividade funcional em repouso, utilizando eletroencefalograma (EEG), em meninos pré-escolares com TEA de alto funcionamento, comparando-os com seus pares de desenvolvimento típico. Os pesquisadores buscaram identificar padrões de conectividade distintos e sua relação com a gravidade dos sintomas do autismo, avaliada pela Childhood Autism Rating Scale (CARS). A análise identificou uma diminuição nas conexões de longo alcance na banda delta (1-4 Hz) em diversas regiões cerebrais, tanto dentro de um mesmo hemisfério (intrahemisféricas) quanto entre os dois hemisférios (interhemisféricas), nos participantes com TEA.
Os resultados apontaram para uma tendência de enfraquecimento da conectividade funcional de longo alcance em meninos pré-escolares com TEA de alto funcionamento. Além disso, a pesquisa revelou correlações significativas entre essa disconectividade e a severidade de determinados sintomas do TEA. Por exemplo, a diminuição da conectividade entre o córtex pré-frontal esquerdo e o córtex central direito se correlacionou com dificuldades nas relações interpessoais e, paradoxalmente, com um nível de atividade mais elevado. Alterações nas conexões entre o córtex central direito e o parietal direito, bem como entre o córtex frontal esquerdo e o central esquerdo, estiveram associadas a respostas auditivas comprometidas. A pesquisa ressalta a importância de estudos em larga escala para confirmar o potencial da conectividade funcional como biomarcador para rastreamento precoce, diagnóstico e planejamento de estratégias de intervenção neurofisiológica no TEA. Essas descobertas abrem novas perspectivas para a compreensão e o tratamento do autismo em idades precoces.
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