Autismo e Cultura Latina: Camuflagem e Burnout em Jovens Adultos
Um estudo recente investigou a complexa relação entre a camuflagem social, o burnout autista e a influência de fatores culturais em jovens adultos latinos com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A pesquisa destaca que, embora o burnout autista e a camuflagem sejam temas amplamente estudados em populações gerais com TEA, a experiência de indivíduos latinos permanece pouco explorada, especialmente considerando as pressões únicas impostas por valores culturais como o coletivismo, o familismo e os papéis de gênero tradicionais.
O estudo envolveu 56 participantes do programa de terapia ¡Iniciando! la Adultez, que responderam a questionários avaliando burnout, camuflagem, aculturação e valores culturais. Os resultados revelaram níveis moderados a altos de burnout autista, com maior intensidade em áreas como autoconsciência e disrupção cognitiva. A camuflagem, definida como a tentativa de mascarar traços autísticos para se adequar às normas sociais, foi uma estratégia comum entre os participantes, sendo a compensação a tática mais utilizada. Curiosamente, valores culturais como a independência e o familismo mexicano-americano mostraram correlação positiva com a gravidade do burnout.
Além disso, o estudo observou que comportamentos de camuflagem estavam associados a um melhor funcionamento adaptativo, principalmente nas áreas conceitual, social e prática. No entanto, esses mesmos comportamentos foram preditivos de aumento da ansiedade e depressão. O estresse relacionado à aculturação e a adesão a papéis de gênero tradicionais também influenciaram as estratégias de camuflagem adotadas pelos participantes. Esses achados enfatizam a necessidade urgente de intervenções culturalmente responsivas que apoiem o bem-estar e a autonomia de jovens adultos latinos com autismo, considerando a intrincada interação entre expectativas culturais, camuflagem e burnout.
Origem: Link