Entendendo a Avaliação em Fisioterapia no Canadá: Uma Análise da Mini-Entrevista Múltipla (MEM)
A admissão em programas de fisioterapia no Canadá, assim como em muitas outras áreas da saúde, frequentemente envolve a utilização de ferramentas de avaliação para determinar os candidatos mais adequados. Uma dessas ferramentas é a Mini-Entrevista Múltipla (MEM), um método amplamente reconhecido por sua objetividade e base em evidências na avaliação de competências não acadêmicas.
Um estudo recente lança um olhar crítico sobre a MEM, analisando-a sob a perspectiva teórica de Michel Foucault. Em vez de simplesmente avaliar a eficácia da MEM em termos de previsão de sucesso, a pesquisa concentra-se nas dinâmicas de poder que a sustentam. A análise busca desconstruir a aparente neutralidade da MEM, revelando as lógicas institucionais que influenciam quem tem acesso à formação em fisioterapia no Canadá. A questão central não é se a MEM ‘funciona’, mas como ela funciona para moldar o acesso à profissão.
A pesquisa argumenta que a MEM pode incentivar os candidatos a internalizar e performar normas institucionalmente sancionadas do candidato ‘ideal’. Isso pode levar a uma seleção que favorece aqueles com habilidades culturais e comunicativas específicas, capazes de antecipar e se alinhar a essas expectativas. Candidatos que demonstram maior ‘capacidade de aprendizado’ tendem a ser favorecidos. Embora a MEM seja apresentada como uma avaliação equitativa, ela pode, inadvertidamente, reforçar normas eurocêntricas e institucionalmente ‘brancas’, um problema já identificado em programas de fisioterapia canadenses. Dessa forma, a MEM corre o risco de contribuir para a homogeneidade demográfica da profissão e perpetuar desvantagens estruturais para certos candidatos, levantando importantes questões sobre a diversidade e inclusão no campo da fisioterapia.
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