Saúde Desvendada

Sintomas psicóticos são comuns no espectro da esclerose lateral amiotrófica com demência frontotemporal (ELA-DFT), causando sofrimento aos pacientes e cuidadores, além de prognósticos menos favoráveis. Uma pesquisa recente investigou as bases neurobiológicas das alucinações visuais nesses pacientes, utilizando entrevistas clínicas, testes neuropsicológicos e um paradigma comportamental validado de percepção visual alterada, combinado com análise de ressonância magnética funcional (fMRI) para mapear a conectividade cerebral.

O estudo, que envolveu 82 participantes incluindo pacientes com ELA, ELA-DFT, variante comportamental de DFT e um grupo de controle saudável, demonstrou que uma tarefa comportamental específica foi eficaz em detectar tendências alucinatórias. Os resultados indicaram um envolvimento seletivo de déficits de atenção na percepção visual equivocada, independentemente das funções executivas e da velocidade psicomotora. Isso sugere que problemas de atenção desempenham um papel crucial nas alucinações visuais observadas nesses pacientes.

A análise de fMRI revelou que sistemas de atenção no cérebro desempenham um papel fundamental. A conectividade anormalmente elevada, ancorada nas redes de atenção, default mode e controle executivo, piorava à medida que a severidade da percepção visual alterada aumentava. Esses achados reforçam a importância das disfunções de atenção, caracterizadas por interações alteradas entre processos de atenção top-down e bottom-up, introspecção e detecção de saliência, na predisposição a alucinações visuais na ELA-DFT. Alinhando-se a modelos atuais de geração de alucinações em outras condições como esquizofrenia, doença de Parkinson e demência com corpos de Lewy, este estudo aponta para substratos neurais comuns de vulnerabilidade psicótica compartilhados pela ELA-DFT. Portanto, focar em estratégias para melhorar a atenção pode ser uma via importante no tratamento e manejo desses sintomas angustiantes.

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