Fragilidade Física e DPOC: Desafios no Tratamento e Rastreamento
A fragilidade física é uma condição comum em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e está associada a piores resultados clínicos. Um estudo recente explorou a prevalência e persistência dessa fragilidade, além da concordância entre diferentes ferramentas de rastreamento em pacientes com DPOC grave que recusaram a reabilitação pulmonar. A pesquisa acompanhou 102 pacientes ao longo de um ano, avaliando a fragilidade por meio de testes como o Short Physical Performance Battery (SPPB), teste de velocidade da marcha (TUG), teste de sentar e levantar da cadeira em 30 segundos (30secSTS) e força de preensão manual (HGS).
Os resultados mostraram que uma parcela significativa dos pacientes já apresentava fragilidade física no início do estudo, e essa condição persistiu na maioria dos casos após um ano. Surpreendentemente, a fragilidade física inicial não se mostrou estatisticamente associada a hospitalizações ou mortalidade em um ano, após ajuste para a idade. No entanto, a concordância entre os diferentes testes de rastreamento foi apenas moderada a razoável, indicando que cada ferramenta pode identificar diferentes aspectos da fragilidade. O teste de velocidade da marcha (TUG) apresentou o maior valor preditivo.
Esses achados destacam a complexidade da avaliação da fragilidade em pacientes com DPOC. Embora as ferramentas recomendadas pelas diretrizes da ERS/ATS (Sociedade Europeia de Doenças Respiratórias/Sociedade Torácica Americana) possam ser úteis, a escolha do teste mais adequado deve ser guiada pelo contexto clínico e pelo objetivo da avaliação. A reabilitação pulmonar é uma intervenção importante para pacientes com DPOC, mas muitos recusam essa opção. Portanto, é crucial identificar e abordar a fragilidade física nesses pacientes para melhorar sua qualidade de vida e reduzir o risco de eventos adversos. O teste de velocidade da marcha (TUG) se mostrou uma ferramenta promissora para o rastreamento da fragilidade em pacientes com DPOC. A identificação precoce da fragilidade permite implementar medidas de suporte e acompanhamento individualizadas, adaptadas às necessidades específicas de cada paciente. A avaliação da fragilidade deve ser parte integrante do cuidado de pacientes com DPOC grave.
Origem: Link