Atrofia Muscular Espinhal: Descobertas Revelam Impacto no Desenvolvimento Neurológico
A atrofia muscular espinhal (AME) é uma doença neuromuscular complexa, caracterizada pela deficiência da proteína SMN e consequente perda de neurônios motores. Embora tratamentos que visam restaurar os níveis de SMN tenham demonstrado sucesso em pacientes com AME tipo I, persistem desafios relacionados a dificuldades motoras e de comunicação, além do surgimento de déficits cognitivos e sociais. Essa observação sugere um impacto mais amplo da AME nos circuitos neurais do cérebro, levando pesquisadores a investigar o papel de outras áreas cerebrais.
Um estudo recente focou no cerebelo, região cerebral fundamental para o controle motor e para funções cognitivas. A pesquisa identificou patologias cerebelares tanto em amostras de tecido post-mortem de pacientes com AME tipo I, quanto em modelos de camundongos com a forma grave da doença. Essas patologias se manifestam pela morte de células de Purkinje, um tipo de neurônio essencial para o funcionamento do cerebelo. A morte dessas células está relacionada a mecanismos celulares específicos, independentes de processos de apoptose (morte celular programada) e mediados pela proteína p53.
Além da morte de células de Purkinje, o estudo revelou disfunção nas sinapses entre as fibras paralelas (axônios de neurônios granulares) e as células de Purkinje, o que perturba ainda mais o funcionamento dos circuitos cerebelares. Os pesquisadores também observaram dificuldades na emissão de vocalizações ultrassônicas em camundongos com AME, um comportamento que se assemelha às habilidades de comunicação social em desenvolvimento precoce, e que dependem da função cerebelar. Experimentos de resgate celular específicos demonstraram que a patologia cerebelar intrínseca contribui para as dificuldades motoras e de comunicação social, independentemente de anormalidades nos circuitos motores espinhais. Esses achados destacam a importância do cerebelo no contexto da AME e oferecem novas perspectivas para o desenvolvimento de terapias que visem melhorar os resultados neurológicos a longo prazo em pacientes com essa condição.
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