Autismo Não Verbal: Desvendando os Mistérios da Microestrutura Cerebral
O autismo não verbal (nvASD), caracterizado pela ausência ou severo atraso no desenvolvimento da linguagem, representa um desafio significativo na compreensão das desordens do neurodesenvolvimento. Uma pesquisa recente utilizou ressonância magnética multimodal para investigar as particularidades da microestrutura da matéria branca em crianças com nvASD, com foco nas vias cerebrais relacionadas à linguagem.
O estudo analisou a anisotropia fracional (FA), a difusividade média (MD) e a difusividade radial (RD) por meio de imagens de tensor de difusão (DTI). Paralelamente, avaliou-se a fração de água da mielina (MWF) e o tempo de relaxamento T2 da água intra/extracelular (T2IE) por meio de imagens de água da mielina (MWI). O grupo de estudo incluiu 10 crianças com nvASD e 10 crianças com desenvolvimento típico, todas da mesma faixa etária. A análise se concentrou em oito tratos principais relacionados à linguagem e no trato corticoespinhal (CST), utilizado como referência motora.
Os resultados revelaram que, embora as métricas DTI e MWI não apresentassem diferenças significativas de lateralização entre os grupos, a MWF e o T2IE exibiram uma lateralização acentuada exclusivamente no grupo nvASD. Observaram-se também diferenças microestruturais significativas em crianças com autismo não verbal. A MD e a RD demonstraram ser os parâmetros DTI mais sensíveis, mostrando aumentos generalizados, enquanto a FA foi menos discriminatória. A MWF exibiu a maior mudança percentual em relação aos controles (25-50%), sugerindo uma redução marcante no conteúdo de mielina dentro dos tratos afetados. Concomitantemente, aumentos generalizados no T2IE indicam um espaço extra-axonal menos densamente compactado, consistente com integridade axonal alterada e área de superfície celular reduzida por unidade de volume. Estes achados reforçam a importância de investigar as anomalias na mielina como um fator contribuinte para o autismo, abrindo novas perspectivas para o desenvolvimento de intervenções terapêuticas mais eficazes no futuro.
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