Atenção Compartilhada e Autismo: Como o Som Pode Influenciar a Interação Social
A atenção compartilhada, habilidade crucial para a interação social e comunicação, apresenta desafios para indivíduos no espectro autista (TEA). Um estudo recente investigou como estímulos sonoros podem modular a atenção compartilhada em pessoas com traços autistas, revelando mecanismos neurofuncionais distintos.
A pesquisa utilizou rastreamento ocular e espectroscopia funcional de infravermelho próximo (fNIRS) para analisar o comportamento e a atividade cerebral de participantes com alta e baixa pontuação no Quociente do Espectro Autista (AQ). Os resultados indicaram que, na presença de sons, ambos os grupos demonstraram maior tempo de fixação visual durante tarefas de atenção compartilhada. No entanto, as respostas cerebrais foram diferentes: indivíduos com baixa pontuação AQ mostraram maior ativação do córtex pré-frontal dorsolateral, área associada ao controle atencional, enquanto aqueles com alta pontuação AQ apresentaram maior ativação do córtex temporal, sugerindo um mecanismo compensatório.
Esses achados sugerem que o som pode influenciar o processamento da atenção compartilhada por meio de duas vias distintas. Em indivíduos com baixa pontuação AQ, o som parece aprimorar o controle atencional pré-frontal. Já em indivíduos com alta pontuação AQ, o som pode induzir uma ativação temporal compensatória. Essa dicotomia neurofuncional apoia a hipótese de um espectro contínuo de traços autistas e valida o uso de paradigmas multimodais para simular os sintomas centrais do TEA. A pesquisa abre caminho para o desenvolvimento de novas estratégias de intervenção, explorando o potencial do som para auxiliar na interação social e comunicação de indivíduos com TEA. A compreensão desses mecanismos pode levar a abordagens terapêuticas mais personalizadas e eficazes no futuro, focando em estimular áreas cerebrais específicas e aprimorar as habilidades sociais em diferentes contextos.
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