Saúde Desvendada

A linguagem pragmática, que se refere à capacidade de usar a linguagem de forma eficaz em contextos sociais, tem sido frequentemente associada à Teoria da Mente (ToM) em indivíduos com autismo. A ToM, por sua vez, é a habilidade de compreender que outras pessoas têm crenças, intenções e perspectivas diferentes das nossas. Um estudo recente investigou a relação entre esses dois aspectos em indivíduos com histórico de autismo, incluindo aqueles que não apresentam mais os sintomas da condição.

A pesquisa avaliou o julgamento gramatical, a ToM (através de tarefas como a leitura de expressões faciais e a atribuição social) e a linguagem pragmática em três grupos distintos: indivíduos com autismo atualmente, aqueles com histórico de autismo que não exibem mais os sintomas (diagnosticados com ‘perda do diagnóstico de autismo’ ou LAD) e um grupo de controle de adolescentes e adultos neurotípicos com habilidades verbais fluentes. Os resultados revelaram que indivíduos com autismo apresentavam dificuldades pragmáticas e na ToM afetiva em comparação com os outros grupos, além de dificuldades na linguagem estrutural em relação aos controles neurotípicos. Curiosamente, o grupo LAD não apresentou essas dificuldades.

Apesar de associações observadas entre linguagem estrutural e raciocínio matricial com a linguagem pragmática, a ToM emergiu como o único preditor significativo da linguagem pragmática quando todas as medidas foram consideradas. Isso sugere uma interação complexa entre a linguagem pragmática, a linguagem estrutural e a ToM. O estudo também indica que a linguagem pragmática pode melhorar significativamente à medida que aspectos mais amplos do autismo diminuem, como observado em indivíduos que perdem o diagnóstico de autismo. Essa pesquisa reforça a importância de abordar tanto a linguagem quanto a cognição social em intervenções para indivíduos com autismo, ressaltando a plasticidade do desenvolvimento e a possibilidade de melhorias significativas na comunicação e interação social.

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