Impacto da Ativação Imunológica e Depleção Microglial no Neurodesenvolvimento: Um Estudo em Modelo Animal
Estudos recentes têm demonstrado uma crescente preocupação com a relação entre estímulos imunológicos precoces e o desenvolvimento de distúrbios neurológicos. A função das células microgliais, importantes componentes do sistema imunológico do cérebro, parece desempenhar um papel crucial nesse processo. Uma nova pesquisa investigou os efeitos comportamentais e eletrofisiológicos da depleção microglial em um modelo de ativação imunológica durante o desenvolvimento, utilizando camundongos.
No estudo, camundongos fêmeas grávidas foram expostas ao ácido poliinosínico:policitidílico (Poly I:C) no 12,5º dia de gestação, simulando uma infecção viral. Subsequentemente, as crias foram tratadas com lipopolissacarídeo (LPS) no 9º dia pós-natal, induzindo uma resposta inflamatória. Após o desmame, os filhotes foram submetidos a uma dieta contendo um inibidor do receptor do fator estimulador de colônias-1 (PLX 5622, PLX), visando reduzir a população microglial, ou a uma dieta padrão. Os pesquisadores então avaliaram o comportamento dos animais, incluindo respostas exploratórias, comportamentos relacionados à ansiedade, interação social e habilidades cognitivas. Além disso, analisaram a transmissão sináptica e marcadores moleculares de neuroinflamação nas áreas do córtex pré-frontal medial (mPFC) e hipocampo (HP) dos cérebros dos camundongos.
Os resultados revelaram que a condição de ativação imunológica reduziu a atividade locomotora e prejudicou a capacidade de discriminação entre estímulos sociais familiares e novos, especialmente em camundongos machos. Interessantemente, o tratamento com PLX afetou seletivamente a resposta à novidade social em machos (tanto nos grupos submetidos à ativação imunológica quanto nos grupos controle) e em fêmeas submetidas à ativação imunológica, poupando as fêmeas do grupo controle. A pesquisa também apontou que a ativação imunológica combinada com a depleção microglial reduziu a transmissão inibitória em machos e a excitabilidade neuronal em ambos os sexos no córtex pré-frontal medial. Adicionalmente, a análise molecular revelou um aumento da expressão de interleucina-6 (IL-6) e interleucina-1β (IL-1β), importantes mediadores inflamatórios, em diferentes regiões cerebrais, indicando uma resposta inflamatória persistente. Esses achados sugerem que os machos podem ser mais vulneráveis aos efeitos comportamentais e inflamatórios de longo prazo da ativação imunológica precoce, bem como aos efeitos da depleção microglial no neurodesenvolvimento.
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