Transtorno do Espectro Autista e TOC: Existe uma Ligação?
O Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e o Transtorno do Espectro Autista (TEA) compartilham algumas características, levando a um interesse crescente na relação entre os dois. Estudos têm demonstrado que indivíduos com um desses transtornos têm uma probabilidade maior de serem diagnosticados com o outro, quando comparados à população em geral. Uma pesquisa recente investigou se traços autísticos poderiam prever subtipos de sintomas obsessivo-compulsivos, considerando características demográficas e variáveis clínicas.
O estudo envolveu 460 estudantes universitários e seus familiares, que responderam a questionários sobre dados sociodemográficos e clínicos, além de inventários para avaliar obsessões e compulsões (VOCI), traços autísticos (AQ), depressão (BDI) e ansiedade (BAI). Através de análise de regressão linear, os pesquisadores avaliaram a relação entre sintomas autísticos e obsessivo-compulsivos, controlando fatores como idade, sexo, depressão, ansiedade e histórico de infecções respiratórias frequentes na infância. Os resultados mostraram que a pontuação na subescala de atenção do AQ estava associada a comportamentos de acumulação, necessidade de que as coisas estejam ‘perfeitas’, indecisão e pontuação total no VOCI.
Curiosamente, outras subescalas do AQ não apresentaram associação com as pontuações do VOCI. A idade apresentou uma correlação negativa com obsessões, necessidade de que as coisas estejam ‘perfeitas’, indecisão e pontuação total no VOCI, sugerindo que esses sintomas podem diminuir com a idade. As pontuações nos inventários de depressão (BDI) e ansiedade (BAI) mostraram uma associação positiva com todas as pontuações do VOCI. Além disso, as pontuações de checagem, necessidade de que as coisas estejam ‘perfeitas’ e a pontuação total no VOCI foram significativamente maiores no grupo com histórico de infecções respiratórias frequentes na infância. Esses achados sugerem que indivíduos com sintomas de TOC podem apresentar déficits de atenção semelhantes aos observados em indivíduos com TEA, indicando a possibilidade de um subgrupo de TOC que compartilha características com o TEA. A relação entre esses dois transtornos merece investigação mais aprofundada, principalmente no que diz respeito aos déficits de atenção.
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