Autismo e Gênero: Desafios e Comorbidades em Meninas e Meninos
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) manifesta-se através de desafios na comunicação social e comportamentos repetitivos e restritos. Historicamente, a identificação do autismo tem sido mais frequente em indivíduos do sexo masculino, o que gerou uma lacuna no conhecimento sobre como o TEA se apresenta em pessoas do sexo feminino. Essa disparidade impacta tanto a pesquisa quanto as práticas clínicas, tornando crucial compreender as diferenças entre os sexos no contexto do autismo.
Um estudo recente explorou as diferenças de gênero na prevalência de comorbidades comuns associadas ao autismo. As comorbidades analisadas incluíram Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), transtornos de ansiedade, transtorno de conduta, depressão, epilepsia, deficiência intelectual e transtornos de tiques. No caso do TDAH, embora prevalente em ambos os sexos, as meninas podem apresentar com mais frequência o subtipo desatento. Quanto aos transtornos de ansiedade, os resultados mostraram inconsistências entre os sexos, enquanto o transtorno de conduta impacta mais frequentemente os meninos. A depressão, por sua vez, torna-se mais comum com o avanço da idade, com estudos indicando sintomas mais pronunciados em adolescentes do sexo feminino, enquanto outros sugerem maior severidade em indivíduos do sexo masculino.
A epilepsia mostrou-se mais prevalente em mulheres, especialmente aquelas com deficiência intelectual. A deficiência intelectual, apesar de apresentar predominância masculina, pode exacerbar a gravidade do autismo em maior grau em mulheres. Em relação aos transtornos de tiques, não foram encontradas diferenças claras entre os sexos. As diferenças observadas podem ser atribuídas a vieses em ferramentas diagnósticas centradas no sexo masculino, comportamentos compensatórios como a camuflagem em mulheres, diferenças genéticas e neurobiológicas, e trajetórias de desenvolvimento das comorbidades. Reconhecer esses fatores é essencial para desenvolver diagnósticos sensíveis e intervenções específicas para cada sexo, buscando uma identificação precoce, cuidados aprimorados e intervenções personalizadas, melhorando a qualidade de vida de pessoas com autismo.
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