Autoagressão em Mulheres Autistas: Um Olhar Profundo sobre Causas e Desafios
Um estudo recente publicado no Journal of Autism and Developmental Disorders explorou a complexa questão da autoagressão em mulheres autistas, revelando nuances importantes sobre as causas e os fatores contribuintes. A pesquisa destaca que a prevalência de autoagressão é maior em indivíduos autistas, especialmente em mulheres, quando comparados à população não autista. As diferenças cognitivas, afetivas e sensoriais inerentes ao autismo desempenham um papel, mas o estudo enfatiza a necessidade de considerar também os contextos sociais e ambientais.
A metodologia do estudo envolveu entrevistas semiestruturadas com onze mulheres autistas que compartilharam suas experiências de autoagressão. A análise temática reflexiva dos dados revelou três temas principais: a autoagressão como mecanismo de regulação emocional, o impacto dos desafios sociais e interpessoais enfrentados em um mundo predominantemente neurotípico, e a evolução da autoagressão ao longo da vida. As participantes descreveram a autoagressão como uma forma de lidar com estados emocionais intensos, tanto de alta quanto de baixa energia, funcionando como uma válvula de escape para sentimentos avassaladores ou como uma forma de buscar sensações em momentos de entorpecimento.
As conclusões do estudo apontam que a autoagressão em mulheres autistas é multifacetada, resultante tanto de características relacionadas ao autismo quanto de experiências e vulnerabilidades únicas, moldadas por expectativas sociais. O atraso no diagnóstico, o burnout (exaustão extrema) e a vitimização são fatores que contribuem significativamente para a autoagressão, muitas vezes utilizada como forma de autopunição e regulação. O estudo também destaca a importância de um diagnóstico preciso e da compreensão das necessidades específicas das mulheres autistas, enfatizando que rótulos e diagnósticos errôneos podem agravar os riscos e perpetuar a incompreensão do sofrimento dessa população. A pesquisa reforça a necessidade de adaptar intervenções terapêuticas para melhor atender às necessidades das mulheres autistas e melhorar os processos de diagnóstico, considerando as funções desses comportamentos.
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