Desafios na Reabilitação de Lesões Medulares em Países de Baixa Renda: Um Olhar do Paciente
A reabilitação de indivíduos com lesão medular (LM) tem apresentado avanços significativos em centros de saúde de países de baixa e média renda. No entanto, a integração plena desses pacientes na comunidade ainda representa um desafio considerável. Um estudo recente investigou as dificuldades enfrentadas por esses indivíduos durante o processo de reabilitação e reinserção social, buscando identificar oportunidades para melhorar suas vidas.
A pesquisa, baseada em análises de prontuários clínicos e entrevistas com 24 adultos com LM, revelou que metade dos participantes pertencia a estratos socioeconômicos mais baixos. A independência funcional, avaliada pelo SCIM (Spinal Cord Independence Measure), foi maior em atividades internas (9.0 ± 1.4) e menor na mobilidade externa (9.3 ± 4.0), cerca de 7.8 anos após a lesão. Um ponto alarmante foi que indivíduos de baixa renda frequentemente não tinham acesso a água encanada (n = 5) e instalações sanitárias adequadas (n = 8) em suas próprias residências. A qualidade de vida, avaliada pela OMS, atingiu seu ponto mais baixo (39.5 ± 15.0) no domínio ambiental.
O estudo também apontou para as dificuldades financeiras enfrentadas por esses pacientes. Setenta por cento dos indivíduos que estavam empregados antes da LM não conseguiram retornar aos seus empregos anteriores. Após a lesão, apenas oito encontraram trabalhos alternativos, geralmente com salários menores, enquanto 16 dependiam financeiramente de suas famílias. Os custos com cuidados médicos eram cobertos por diferentes fontes, incluindo recursos próprios (n = 1), planos de saúde governamentais (n = 1), planos de saúde privados (n = 3), empregadores (n = 5), ONGs (n = 2) e, mais frequentemente, pela família (n = 12). A pesquisa enfatiza a necessidade urgente de medidas que garantam o acesso a serviços básicos, transporte acessível, espaços públicos inclusivos e suporte financeiro para reabilitação e emprego, especialmente para aqueles em situação de vulnerabilidade socioeconômica. Estratégias participativas e sustentáveis são cruciais para reconstruir vidas e promover a integração respeitosa na sociedade, além de aliviar o fardo socioeconômico da LM.
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