Reabilitação: A Importância de Avaliar Estudos com Desfechos Substitutos
Na área da reabilitação, os ensaios clínicos randomizados (ECRs) são fundamentais para embasar as práticas de cuidado. No entanto, alguns estudos utilizam o que chamamos de “desfechos substitutos” (ou “surrogatos”), que são medidas indiretas dos resultados que realmente importam para o paciente. Uma pesquisa recente publicada na revista Disability and Rehabilitation investigou a utilização e a qualidade da apresentação desses desfechos substitutos em ECRs de reabilitação.
O estudo, uma revisão abrangente, analisou diversos ECRs e avaliou se eles seguiam as diretrizes de boas práticas para relatar desfechos substitutos. As diretrizes SPIRIT e CONSORT-surrogate foram usadas como referência. Os resultados revelaram que a utilização de desfechos substitutos é relativamente baixa e, mais preocupante, que a forma como esses desfechos são apresentados muitas vezes não é consistente nem completa. Menos da metade dos estudos analisados cumpriu os critérios de validade das listas de verificação CONSORT-surrogate.
Esses achados têm implicações importantes para os profissionais de reabilitação. É crucial avaliar criticamente os estudos que utilizam desfechos substitutos, certificando-se de que esses desfechos sejam realmente válidos e preditivos dos resultados que são relevantes para o paciente. Por exemplo, um estudo pode medir a força muscular (um desfecho substituto) como um indicador de melhora funcional. No entanto, é fundamental verificar se o aumento da força muscular se traduz, de fato, em uma maior capacidade de realizar as atividades da vida diária. Ao interpretar os resultados de ECRs com desfechos substitutos, é essencial considerar suas limitações e o potencial impacto na tomada de decisões clínicas.
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