Realidade Virtual e Tato: Como a Falta de Feedback Háptico Afeta a Coordenação e a Percepção do Corpo
A realidade virtual (RV) tem se mostrado uma ferramenta poderosa em diversas áreas, desde o entretenimento até a reabilitação. No entanto, a ausência de certas sensações, como o tato, pode impactar a forma como interagimos com esse ambiente simulado. Um estudo recente explorou justamente esse efeito, investigando como a falta de feedback háptico – a sensação do toque – influencia a coordenação olho-mão e a percepção do próprio corpo em ambientes virtuais.
A pesquisa combinou a RV com tecnologias de rastreamento de mãos, movimentos e olhos para analisar o desempenho de indivíduos com função manual normal durante uma tarefa de interação com objetos. O experimento consistia em alternar entre fornecer e privar os participantes de feedback háptico completo. Os resultados revelaram que o retorno do feedback tátil na RV gerou uma coordenação olho-mão mais semelhante às interações no mundo real. Isso sugere que a sensação do toque desempenha um papel crucial na precisão e eficiência dos nossos movimentos em resposta a estímulos visuais.
Além da coordenação motora, o estudo também avaliou a sensação de embodiment, ou seja, a percepção de que nossos membros virtuais pertencem a nós. Curiosamente, tanto usuários de RV quanto pessoas que utilizam próteses relatam uma sensação reduzida de embodiment em relação aos seus membros. A pesquisa demonstrou que o feedback háptico pode aumentar essa sensação de pertencimento. Ademais, foi encontrada uma correlação entre a coordenação olho-mão e a sensação de embodiment, indicando que esta última é vivenciada como a recepção sincronizada de informações sensoriais. As medidas de coordenação olho-mão podem, portanto, servir como uma forma objetiva de quantificar essas experiências e entender melhor a importância do tato na nossa interação com o mundo, seja ele real ou virtual.
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