A dieta cetogênica, rica em gorduras, moderada em proteínas e extremamente baixa em carboidratos, tem se mostrado uma terapia eficaz para epilepsia e outros distúrbios metabólicos e neurológicos. No entanto, o manejo perioperatório, ou seja, o cuidado antes, durante e após uma cirurgia, de pacientes em dieta cetogênica apresenta desafios únicos. Um estudo de caso recente detalhou o manejo multidisciplinar de uma menina de 12 anos que passou por uma fusão espinhal posterior para corrigir escoliose, enquanto mantinha sua dieta cetogênica para controle da epilepsia.
A paciente em questão vinha seguindo a dieta cetogênica há 10 anos para controlar sua epilepsia, além de apresentar histórico de deficiência intelectual e autismo. A intervenção cirúrgica para escoliose exigiu uma abordagem cuidadosa para garantir a manutenção da cetose, evitando complicações como hipoglicemia, convulsões e até mesmo falha cirúrgica. O monitoramento metabólico em tempo real, incluindo a detecção de glicose e corpos cetônicos no sangue, foi crucial para ajustar a anestesia e garantir a estabilidade da paciente durante todo o procedimento.
A cirurgia de escoliose foi realizada com sucesso, sem intercorrências durante o período perioperatório. A manutenção da cetose, juntamente com o uso de infusão de lipídios isenta de carboidratos e anestesia à base de propofol durante o jejum, evitou a exposição inadvertida a carboidratos. Este caso demonstra a importância da adaptação e do planejamento cuidadoso no manejo de pacientes pediátricos dependentes da dieta cetogênica que necessitam de procedimentos cirúrgicos complexos. A atenção meticulosa aos detalhes e o monitoramento constante são essenciais para garantir resultados positivos e a segurança do paciente.
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