A dor inguinal crônica pós-operatória (DICPO) é uma condição debilitante que afeta uma parcela significativa de pacientes submetidos a reparos de hérnia inguinal. Estima-se que 10% a 20% desses pacientes experimentam dor persistente por mais de três meses após a cirurgia. Essa dor complexa envolve componentes neuropáticos e nociceptivos, sensibilização secundária e impactos funcionais e psicológicos, tornando o diagnóstico e tratamento um desafio.
Um estudo recente avaliou a eficácia de uma clínica multidisciplinar inovadora, projetada para oferecer atendimento completo e coordenado para pacientes com DICPO. A clínica, localizada no North Devon Comprehensive Hernia Centre, reúne cirurgiões de parede abdominal, profissionais clínicos avançados, consultores de tratamento da dor e fisioterapeutas especializados em dor. Os pacientes passam por avaliações detalhadas por cada especialista, culminando em uma discussão em equipe e um plano de tratamento personalizado. Os resultados iniciais são promissores, demonstrando melhorias significativas na dor, função e satisfação do paciente.
Os dados retrospectivos de pacientes avaliados na clínica multidisciplinar mostram uma redução notável nas pontuações de dor, medidas pela escala VAS, de 7,2 para 2,8. Além disso, a atividade funcional, avaliada pela escala mAAS, melhorou de 20,3 para 9,7. A satisfação do paciente também foi alta, com uma pontuação média de 4,5 em 5. Esses resultados sugerem que a abordagem multidisciplinar, que integra diferentes especialidades e modalidades de tratamento, pode ser uma estratégia eficaz para o tratamento da DICPO. No entanto, os autores do estudo enfatizam a necessidade de estudos maiores e com acompanhamento a longo prazo para validar esses achados e determinar a durabilidade dos benefícios observados. Essa pesquisa destaca a importância de abordagens inovadoras para o manejo da dor crônica, oferecendo esperança para pacientes que sofrem com essa condição persistente e limitante.
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