A vida nas ruas, marcada pela vulnerabilidade e desafios constantes, exige das pessoas em situação de rua (PSR) uma capacidade notável de adaptação e resiliência. Longe de serem apenas vítimas das circunstâncias, esses indivíduos desenvolvem estratégias complexas para lidar com as adversidades, construir redes de apoio e, de alguma forma, manter sua saúde e bem-estar.
Um estudo recente explorou os processos de enfrentamento vivenciados por pessoas em situação de rua em uma região metropolitana. Através de entrevistas aprofundadas, os pesquisadores identificaram que as estratégias de enfrentamento se manifestam em três dimensões principais: reação imediata a situações de risco, adaptação às condições precárias da rua e transformação ativa do contexto adverso. A reação pode envolver desde a busca por locais mais seguros para dormir até a negociação com outros moradores de rua por recursos escassos. A adaptação implica em aprender a lidar com a falta de higiene, alimentação inadequada e exposição a intempéries. Já a transformação busca modificar a realidade através da participação em programas sociais, da organização coletiva e da busca por oportunidades de trabalho e moradia.
As relações estabelecidas na rua desempenham um papel crucial no enfrentamento coletivo. A solidariedade e a criatividade se manifestam em formas de apoio mútuo, divisão de alimentos e proteção contra a violência. Além disso, as políticas públicas de Assistência Social, quando acessíveis e eficazes, representam um importante apoio social, oferecendo serviços de saúde, alimentação, higiene e encaminhamento para programas de moradia. A pesquisa ressalta que, mesmo em um cenário de extrema vulnerabilidade, a rua pode ser um espaço de construção de novos referenciais e de encontros mediados pela solidariedade, revelando a capacidade humana de resistir e transformar as adversidades em oportunidades de crescimento e bem-estar.
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