Substâncias per- e polifluoroalquiladas (PFAS) são contaminantes ambientais amplamente distribuídos, presentes em diversos produtos de consumo diário, como água potável, fórmulas infantis e alimentos. Além disso, são encontradas em amostras biológicas humanas, incluindo sangue, urina, leite materno e líquido cefalorraquidiano. Estudos recentes têm demonstrado que a exposição a PFAS pode representar riscos neurotóxicos significativos, devido à sua capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica e se bioacumular no tecido neural.
O cérebro em desenvolvimento de fetos e bebês é particularmente vulnerável aos efeitos nocivos de poluentes ambientais, devido ao desenvolvimento incompleto da barreira hematoencefálica e do sistema imunológico. Uma revisão abrangente de estudos epidemiológicos e experimentais investigou os efeitos neurodesenvolvimentais da exposição a PFAS, com foco principal no transtorno de déficit de atenção e hiperatividade (TDAH) e no transtorno do espectro autista (TEA). Os dados disponíveis, provenientes de pesquisas transversais e estudos de coorte prospectivos, sugerem uma possível ligação entre a exposição a PFAS e o desenvolvimento de TDAH ou TEA.
Adicionalmente, estudos experimentais revelaram que a exposição a PFAS pode perturbar a regulação de neurotransmissores, induzir estresse oxidativo e neuroinflamação crônica, além de alterar a microbiota intestinal. Todas essas alterações refletem características patológicas importantes observadas em modelos clínicos e pré-clínicos de TDAH e TEA. A pesquisa atual busca elucidar as ligações causais entre a exposição a PFAS e o surgimento de TDAH ou TEA, destacando a necessidade de abordagens epidemiológicas moleculares e modelos de exposição realistas em pesquisas com animais para aprofundar nossa compreensão dessas associações.
Origem: Link